Istambul, Turquia
Pra começar a falar de Istambul, tem que ser pela comida. Aqui pude retomar meu plano de voltar rolando pro Brasil.
A primeira coisa que experimentamos, já na primeira tarde aqui, foi o suco de romã. Quando dei o primeiro gole, já sofri porque vou ter que viver sem ele quando voltar pra casa. Muito cítrico, muito saboroso, tem o gosto bem concentrado da romã. Ele é feito bem na nossa frente, com um espremedor até meio rústico. Duas romãs enchem um copo, que custa 5 liras turcas, mais ou menos 7 reais. E vale! Além de tudo nos disseram que é o suco da juventude, e deve ser porque os dois vendedores tinham cabelos brancos e pele lisinha!
O nosso jantar nesse dia foi excelente, a comida é bem temperada e sem pimenta mas não tem muito sal. A gente sente bem as especiarias, diferente das nossas comidas do Brasil, que são uma delícia mas sal, cebola e alho é a base pra tudo. Aqui usam muito aneto, cebolinha e salsinha, e outras coisas que não consegui identificar.
Mas o que mais gosto aqui são as entradas. Eles trazem um prato grande com vários molhinhos, seja de tabule fininho com tomates e temperos, molho de iogurte com hortelã (aquele grego), berinjelas, abobrinhas, etc e pão. O pão, aliás, é servido com todas as refeições e não é cobrado a parte. Nas primeiras refeições, recusamos prontamente, imaginando que seria um truque dos turcos pra nos fazer pagar alguma coisa extra. Mas hoje um garçom nos explicou que o pão faz parte da refeição e que é assim em toda a Turquia. O Madá ficou bem mais feliz.
Na rua compramos ameixas e figos frescos, do tamanho de cebolas, enormes e perfeitos! Nunca vi tão saborosos.
Depois do almoço tomamos um café com doces turcos e quase caímos das cadeiras. Sabe a sensação de colocar uma comida na boca e encher os olhos de água, sem acreditar que alguma coisa pode ser tão boa? Pois é. Experimentamos 3 tipos de doces, com base de amêndoas e de pistaches, acompanhados de çai, o chá delicioso que servem aqui. É bem parecido com Barrys Tea irlandês, mas parece que menos seco. Aqui é servido em copinhos um pouco maiores que de cachaça, de vidro, e vendem os conjuntinhos com bulezinhos de prata maravilhosos no mercado (Gabi, quer um set de presente??).
Bom, amanhã prometemos voltar lá e provar mais doces. Mas a loja do lado vende um ‘churrasquinho grego’ de torrone de pistaches, onde vão fatiando aquele torronão perfeito e acho que vamos ter que parar lá também. O negócio é que a gente termina de comer uma coisa e fica torcendo pra dar fome logo de novo e experimentar uma coisa nova. As comidinhas de rua são todas ótimas, o cheirinho é bem convidativo e a gente não resiste. Assim fica bom: comidinhas de dia e jantarzão de noite!
Aliás, comemos um bolo de amêndoas de um tiozinho bigodudo que chegava a grudar na mão da gente com tanto óleo das amêndoas e talvez tenha sido o melhor bolo que já comi.
Tem mil tipos de torrone, vamos tentar provar o máximo possível e levar uns pra casa pra vocês experimentarem.
Agora o mercadão! Que lugar incrível! O que se leva de dinheiro, se gasta. Até a mais controlada das criaturas não resiste a tantos produtos legais, opções de tudo e vendedores excepcionais. Ninguém aceita cartões de crédito, ainda bem. Inclusive um dos últimos vendedores foi me chamando pra loja de pratas e dizendo ‘I just want to tell you something, very quick…’ e eu fui obrigada a completar ‘I also want to tell you something: we spent all of our money!’ (quero te falar uma coisa bem rápido/ eu também quero te falar: gastamos todo o nosso dinheiro!) e foi suficiente pra ele nos deixar e fazer uma carinha desanimada.
Tem que ir animado pra negociar, ou pra pagar caro. Nada tem preço. E se a gente pergunta, tem que estar pronto pra negociar, portanto ninguém pergunta o preço se não estiver realmente com vontade de comprar. E percebi que não pode ser muito duro logo de cara, falando um preço muito abaixo porque eles se ofendem: not in my shop! (não na minha loja!) Mas se você vai saindo eles logo dão um jeito de te trazer de novo e começa a negociação outra vez.
Se eu e o Madá aproveitávamos pra conversar em português, eles logo respondiam entrando na conversa, sempre de maneira gentil, pra deixar claro que estão entendendo tudo e que estamos encurralados. Os caras falam todas as línguas! E conhecem todos os lugares! Curitiba? Alex, football player! Olha, quem pensa em fazer MBA em vendas nos EUA, sugiro vir pra cá e fazer um estágio no mercado. Melhor curso do mundo.
E nós, que viemos bem preparados pra não sermos enrolados, afinal, somos brasileiros e espertos, muito mais espertos que eles! Ahã. Tá. Vinte minutos andando por aqui e já fizemos amizade com um local muito simpático, que nos deu dicas de taxi, banhos turcos, horários da mesquita, curiosidades, e tudo mais. Quando vimos, estávamos dentro da loja do cara, quase comprando um tapete. Aliás, a gente nem queria tapete, mas de tanto nos oferecerem e falarem das maravilhas, já estamos considerando seriamente…
Os caras são bons!
Outra coisa que quero falar, porque o Madá já vai explicando tudo nos mínimos detalhes aqui http://blogrodrigomada. blogspot.com/ , é da religião. Quer dizer, da fé. Ela é bem forte e bem diferente aqui, porque está nas roupas e nas caras das pessoas e fiquei pensando até que devem ter umas ‘regras’ de moda por aqui pra combinar os lenços com as roupas.
Na hora que a oração começa nos alto falantes é tão bonito que todo mundo pára. Ou pelo menos começa a respirar diferente. Dá vontade de chorar, por isso não fico prestando muita atenção. Mas é tão, tão lindo. E quando entramos na mesquita, que não é museu e ainda é usada 5 vezes por dia pra receber os fiéis e suas orações, senti uma força grande de novo, que me encheu os olhos de novo.
Tanto faz se é Deus, Alá, Jesus ou a Virgem de Kazan. A fé das pessoas é algo muito forte e se gente estiver aberto, sente a força dela e é emocionante. Sentamos alguns minutos dentro da mesquita e pude perceber vários turistas que estavam sentindo a mesma coisa que eu, alguns com lágrimas nos olhos também. Estranho e forte isso, não? Será que a fé move mesmo as montanhas?
Fotos de Istambul aqui:
https://www.flickr.com/photos/maisglitter/albums/72157625167182486

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