Kathmandu, uma boa surpresa.

No voo de Doha pra Kathmandu já percebi o que havia escutado. Nepaleses são pacíficos. Abaixo da altura do meu ombro (bem abaixo), cada um estava entretido com seu grupo e preocupado em não perder o seu lugar no voo. 
Mesmo desesperados, ninguém entendeu os chamados pelas zonas de embarque ou prestou atenção. 
A comissária teve que trocar a metade deles de lugar, pois haviam pego assentos aleatórios. 
Achei graça, e eles também não se importaram com o jeito levemente rude das moças. 

Chegando em Kathmandu, assim que o avião encostou o trem de pouso no chão, muitos já se levantaram e quiseram pegar as malas de mão. Outra bronca das comissárias. Senta todo mundo e espera!
Descemos finalmente as escadas e fomos ao ônibus que nos levaria até a imigração. 
Minha experiência no Egito me deixou apreensiva em situações como esta. Homens de cultura diferente e eu no meio. Só eu. 
Mas eles nem olharam pro meu lado! Cada um preocupado em achar um canto perto da saída e um bom lugar pra se segurar. 

Na entrada para a imigração, era para preencher formulários de visto à caneta. Vai até o balcão para pagar a taxa. Não. Faltava o formulário impresso, que fazia no computador e levava até este balcão. Mais ou menos 25 minutos depois, por causa da fila nas máquinas e do formulário extenso, consegui pagar os 25 dólares pela estada de até 15 dias. Fui pra fila de imigrantes com visto, portanto. Não. Eu era sem visto, vai praquele outro lado. Um atendente simples, amável e sorridente, com um paletozinho gasto, imprimiu e assinou meu visto, colando com capricho no passaporte. Welcome to Nepal! Namaste!

Fui seguindo as setas. E sabe que tem que passar pelo raio-x pra pegar a bagagem despachada? Passei e fiquei esperando mais uns 25 minutos pela mala. Nada dela. Eu já tinha sido avisada que muitas malas se perdiam e depois achavam o caminho do hotel. Era meu caso, tive certeza. Até que alguém gentil, de crachá me perguntou: "Qatar?" Yes. E apontou ao centro do saguão. Lá estava a minha mala. Não me pergunte como ela foi parar lá. Mas peguei, entreguei o ticket para conferência ao fiscal, como a gente faz na rodoviária e saí em direção à porta, procurando meio ansiosa a cara do Madá, que estaria me esperando lá fora. 
Quinze dias sem vê-lo. E ele estava mais magro, por causa da caminhada puxada ao campo base do Everest, mas semblante feliz e em paz. Mesmo com evidente saudade minha e das crianças. 

Entramos no taxi (um Doblô encolhido, super empoeirado dentro e fora) e seguimos por aquelas ruas esburacadas e quase sem iluminação. O caos do trânsito era só para nós turistas. Embora parecesse que não havia regra, os motoristas locais  se entendiam bem. Durante os dois dias em Kathmandu não vi batida nenhuma. Mas é incrível não acontecer. A única razão que me explica o fato é a tranquilidade dos locais. Os nepaleses não são inocentes ou bobos. Mas são pacíficos, parecem estar em paz com a situação deles, que pra nós é simples demais, empoeirada demais, seca demais. Eles trabalham, são prestativos e portanto não estão acomodados. Mas estão em paz. 

Comentários