Kathmandu, Nepal dia 2

Kathmandu, Nepal 
24/4/2017

A cidade está em obras. O terremoto de 2015 destruiu muita coisa e eles estão refazendo tudo devagar e sempre. Acho que pra sempre mesmo!
Poeira, poeira e poeira nas ruas. Todo mundo usa máscara. Daquelas de hospital, lenços, bandanas, máscaras de neoprene com estampas e estilos variados. 
As oito mil lojinhas de mais ou menos 2x2m exibem as mercadorias completamente empoeiradas pelas calçadas. Calçadas? Em alguns pontos, escadas de 3 degraus da rua pras lojas. 
Os vendedores não são insistentes ou impertinentes, mas oferecem um preço acima do que você vai pagar. Sempre. Seja lá quanto ele disse, você sai com o produto mais ou menos pela metade do valor. 
Pashminas, cashmeres, tapetes, deuses hindus e budistas, rodas de oração. 

A comida nepalesa parece com a indiana. Deliciosa, apimentada e sempre com opções vegetarianas. O lassi, bebida de iogurte é obrigatório pra quem, como eu, tem pouca tolerância à pimenta. 

As novidades e as notícias das crianças se divertindo em Minas com a família me mantiveram firme. Mas hoje, ver o Bento abraçando o telefone quando liguei no FaceTime apertou meu coração de saudade dos dois. 
Aliás. Kathmandu é um lugar que trarei os dois ainda na infância, se Deus quiser. 

Hoje fomos ao crematório hindu. Lá os corpos são limpos, tratados e queimados em plataformas na beira do rio. Acompanhamos o processo quase completo, pois haviam 3 funerais acontecendo em estágios diferentes enquanto estivemos lá. 
A sensação é de tristeza, por tanta pobreza, tanta sujeira e pelas pessoas nos arredores do crematório. Pés machucados por anos e anos sem sapatos, crianças e mulheres pelo chão. Todas enfeitadas e com os olhos pintados de preto. Lá eu chorei, porque não consegui compreender bem porque viver uma vida dessa e acabar ali, na beira do rio. Ainda é muito cedo, na viagem e na vida, pra eu saber com certeza, mas cada vez me parece mais claro que a fé é o grande alicerce que sustenta este povo e os leva pela vida dura. 

Estamos agora embarcando para o Butão, país totalmente budista e onde as pessoas são mais felizes. No planeta. 
Estou ansiosa pelo aprendizado lá, mas deixando Kathmandu com o mesmo nó na garganta que aparece quando deixo as minhas irmãs a cada despedida no aeroporto. Como se eu estivesse deixando um pouco de mim. 

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